terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Daimon junto à porta vence Açorianos de Contos

Durante seis anos, fustiguei o Nelson Rego, criticando seus contos, pedindo que os refizesse, que os reapresentassse em aula, especialmente do ponto de vista da linguagem, que é onde a vaca da literatura vai pro brejo.

E o Nelson, que é professor da UFRGS e nem por isso é vaidoso ou autocentrado, humildemente aceitou as minhas duras críticas e reescreveu seus contos.

Ontem, foi a vez de o Nelson Rego receber o Prêmio Açorianos de Literatura na Categoria Contos, em cerimônia no Teatro Renascença.

Quando um dos nossos é premiado, todos são premiados. E a melhor homenagem que se pode fazer ao Nelson é ler o seu excelente livro Daimon junto à porta.

Na Palavraria, Vasco da Gama, 165, o livro está à venda.

E se alguém quiser dizer alguma coisa ao Nelson, aí vai o seu e-mail: nelson.rego@ufrgs.br

domingo, 30 de outubro de 2011

Convites para a Feira do Livro de 2011

1. Novíssimos contistas, 05 de novembro, sábado, 16h
Memorial do Rio Grande do Sul, Sala dos Jacarandás
Charles Kiefer debate com 4 novos contistas, Daniela Langer, Ricardo Oliveira Silveira, Nelson Rego, Beto Canales e Eni Algayer, egressos das oficinas literárias, os caminhos da história curta.

2. A poética do conto: De Poe a Borges, um passeio pelo gênero, 05 de novembro, sábado, 17:30h
Memorial do Rio Grande do Sul, Sala dos Jacarandás
Charles Kiefer discute a história do conto moderno, a partir de Nathaniel Hawthorne, Edgar Alan Poe, Julio Cortazar e Jorge Luís Borges.

3. Autógrafos no Pavilhão Central, sábado, 19:30h
Charles Kiefer autografa A poética do conto: de Poe a Borges, um passeio pelo gênero e todos os seus outros 32 livros.

4. Palestras no Estande da Caixa Econômica Federal
Dia 06 de novembro, domingo, e dia 13 de novembro, domingo, às 19h.
Charles Kiefer apresenta à sociedade gaúcha duas pessoas que considera muito importantes na vida social do estado: Bárbara Fyschinger, fundadora e mantenedora da Kinder, instituição sem fins lucrativos que cuida de centenas de crianças com problemas neurológicos, e Roque Jacoby, seu primeiro editor, responsável pelo início de sua trajetória como escritor.

Obs.: Visite o Espaço da RBS na Feira do Livro e assista aos vídeos Ao pé da Estante, com informações sobre escritores gaúchos.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Concurso de contos

entre 2010 e 2011, realizei um concurso interno, entre meus alunos de oficinas particulares, com o objetivo de publicarmos uma antologia de contos com as primícias de todas as turmas.

Eis o resultado, sem ordem alfabética e sem ordem de classificação:

Estação Esperança (Sílvia Duncan)
Clausura para dois (Susana Espíndola)
O corvo amarelo (Gladis Berriel)
Altos e Baixos (Fernanda Vier)
Turno da noite (Luiz Volkart)
Melhor voltar para casa (Cláudia Baumgarten)
Catarse (Regina Maria Schneider)
Amora, groselha (Cleonice Bourscheid)
Hora do chá (Gecy Belmonte)
Vestido de seda (Maria Helena Rau)
Anjo (Zélia Lacroix)
Dia de futebol (Guilherme Giugliani)
Homens (Rodrigo Alfonso Figueira)
Quero ser Altair Martins (Reginaldo Pujol Filho)
Horribilis (José Francisco Fyschinger)
O assessor (Guilherme Castro)
O stripper (Mariano Mendonça Neto)
Gonçalves (Guilherme Bicca)
Cento e vinte (Juarez Guedes Cruz)
Calma, já vai passar (Augusto Britto)
Deseja excluir? (Leila Teixeira)
Cecília (Monique Revillion)
Não fui eu (Marisa Trindade)
A carta (Ângela Ramis)
Grupo cinco (Luciano Médici Antunes)

domingo, 26 de junho de 2011

O sangue e o plasma da significação

Uma das minhas tentativas mais persistentes e mais difíceis é a de ensinar aos meus alunos de nível avançado, àqueles que permanecem comigo por lustros e décadas (tenho alunos que frequentam as minhas oficinas há mais de 15 anos), que os símbolos e as alegorias são o sangue e o plasma da significação. Quem lê somente os signos linguísticos não lê nada. E, às vezes, deslê.

Um bom espaço para se treinar esse olhar decodificador, olhar capaz de ler à contraluz, é a mídia impressa.

Tomemos um caso, a saber, no Jornal O Sul, edição de 25 de junho de 2011.

À página 8 do Caderno Reportagem, vemos uma foto linda, em que Tony Blair sorri para o filho Leo, que está em seu colo. O texto conta uma história estranha.

Na festa de aniversário de 11 anos, o menino teria cobrado 11,3 euros de cada coleguinha pela participação na festa.

Um menino multimilionário, que recebe os colegas e amigos na mansão da família, cujo pai cobra fortunas por consultorias, precisa cobrar 11,3 euros? E por que esse preciosismo? Por que não 10 euros, para facilitar o troco? Ou 12?

Jornalistas ingênuos, e leitores comuns, de poucas luzes, como os chamo, que não conhecem a linguagem simbólica dos muitos esoterismos, atêm-se à curiosidade do episódio, ao insólito da festa, e perdem o essencial, enrodilhado não no plot, mas na equação numérica da cobrança. Papai Blair, que é membro de conhecida sociedade secreta, declara, através do filho, o seu grau de importância: 11 x 3 = 33. Grau 33, se alguém ainda tinha dúvidas. E como toda ação esotérica precisa ser dupla, Blair manda um recado aos seus pares, através da "insólita" festinha do rebento: 11 e 3.

Página 11, parágrafo 3? 11 horas e 30 minutos? Latitude 11 e longitude 3? Artigo 11 e inciso 3?

Quem sabe, sabe. Quem tem a chave, decifra. Não foi sempre assim, decifra-me ou te devoro? Quem não sabe é boi de piranha, massa de manobra, inocente últi.

Se o persongaem e o enredo são a matéria de uma história, o símbolo e a alegoria são a sua energia. Sempre é bom lembrar que energia é matéria acelerada à velocidade da luz ao quadrado. Quem não compreende essa simples equação da teoria da relatividade, cai no truísmo de imaginar que não existam temas significativos.

Uma história só será significativa se funcionar como funcionam as mensagens esotéricas: para os tolos e ingênuos, 11,3 euros são só o preço do ingresso na festinha. No outro nível, lá onde a verdadeira significação se constitui, 11,3 euros são uma sofisticada, simbólica e irônica mensagem.

O bom escritor, como o bom esotérico, escreve para os dois grupos de leitores.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Doação

Ninguém é tão pobre, nem deveria ser tão mesquinho, que não pudesse doar alguma coisa a alguém necessitado.

Nem o morto está morto para a doação.

Já sem livre-arbítrio, o morto não pode negar-se à doação.

É forçado a desfazer-se da família, dos amigos, das posses. É forçado a doar o seu sangue, as suas carnes e os seus ossos aos vermes da terra.

Doar é participar alegremente da inexcusável essência do Ein Sof, a Luz Infinita.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A quietude do Sol

O Sol, meus caros leitores, anda cansado e vai entrar num período de quietude. Por algum tempo, talvez por décadas, aquelas manchas solares vão desaparecer. Desde 1645, os astrônomos as acompanham. No século XVII, as manchas sumiram por 70 anos. E sabem o que aconteceu aqui embaixo, no planetinha Terra? A glaciação levou a Europa à fome, pois o solo ficou tão congelado que os arados e as enxadas se quebravam...

Em 2015, o Sol não terá mais aquelas manchas que tanto intrigaram a Galileu Galilei. Hoje, o SOHO faz essa pesquisa diariamente. Sou desses astrônomos amadores que acompanham a atividade solar comodamente em casa, ao computador.

O Ciclo da Cornucópia, como costumo denominar esse período de calor da Revolução Industrial, está chegando ao fim. Uma nova glaciação vem por aí. Baseio-me, principalmente, na mitologia, para irritação profunda daqueles que se julgam cientistas. Cientista, meu caro, cientista verdadeiro não despreza nenhuma variável. O conhecimento astronômico dos antigos ombreava com os nossos telescópios e modelos matemáticos computadorizados. Com a compreensão profunda dos fenômenos naturais, sem separar as partes do todo, eles foram capazes de prever o futuro que nos esperava. Infelizmente para nós, o futuro deles é o nosso presente.

Repito: não é por acaso que os Maias falavam em Baktun. 21 de dezembro de 2012 é data de fechamento de mais um ciclo. Quem inventou que os maias teriam previsto o fim do mundo para essa data é um idiota. Além da desinformação, é um desrespeito com a sabedoria astronômica desse povo. O que nós ainda não sabemos é por que eles, em massa, abandonavam as suas grandes e poderosas cidades nas proximidades dos fechamentos dos baktuns.

Aproveitem os verões dos próximos 4 anos. De preferência, viajando para as montanhas, E, para 2015 em diante, façam uma boa provisão de livros, porque lá fora vai fazer frio de ranguear cusco, como dizemos nós, os gaudérios. Leitura, em tempos de glaciação, é uma boa pedida.

domingo, 3 de abril de 2011

Um escritor e dois naufrágios

Em 1898, o escritor Morgan Robertson teve um pesadelo. Sonhou que um transatlântico, à prova de naufrágios, afundava em sua viagem inaugural, depois de bater num iceberg.

Assodado pelas imagens obsessivas de seu próprio sonho, Morgan resolveu libertar-se delas, como fazem os escritores, escrevendo um romance, a que intitulou de Futility: The wreck of the Titan.

Publicou o livro no mesmo ano do sonho e recebeu 100 dólares pelo Contrato de Cessão de Direitos Autorais. Não sei se o livro vendeu alguma coisa, nem se ganhou algum prêmio. O que sei é que o livro não entrou para o cânone da literatura inglesa.

14 anos depois, o mundo se assombraria com o naufrágio real de um transatlântico chamado de Titanic.

Hoje, muitos acusam Morgan Robertson de ser um mau profeta, pois:

1. Chamou a seu transatlântico de Titan, quando todos sabemos que na vida real ele se chamou de Titanic;

2. A embarcação do romance chocou-se contra um iceberg no Atlântico Norte; e a embarcação da vida real também;

3. Titan afundou na sua viagem inaugural, depois de partir com festa do Porto de Southhampton; Titanic também;

4. O transatlântico de Morgan, segundo a narrativa, seria "inafundável", tão bem feito era, até chocar-se contra o bloco de gelo; Titanic foi considerado pela imprensa da época "imune a naufrágios";

5. O navio de Morgan foi descrito como sendo o mais luxuoso de seu tempo; o Titanic também;

6. Morgan afundou seu transatlântico imaginário em abril; o desastre do Titanic aconteceu, também, no mês de abril;

7. No navio de Robertson havia 3.000 passageiros e apenas 24 botes para transportá-los, caso necessário; no Titanic, viajavam 2.207 passageiros, e somente 20 botes salva-vidas;

8. O barco de Morgan Robertson tinha 243 metros de comprimento; e o Titanic, 268;

9. O peso do Titan, de Robertson, era de 75.000 quilos; o Titanic pesava 66.000;

10. O transatlântico Titan movia-se com 3 hélices; o Titanic também.

sexta-feira, 11 de março de 2011

10 passos para ser escritor

1. Ninguém nasce escritor, torna-se escritor. E o que leva alguém a se transformar em escritor é a genética e a cultura. A primeira é destino, a segunda – é conquista. Para a primeira, ainda não temos solução. Para a segunda, basta a vontade, o desejo de ser. Como dizia Jean Paul Sartre, um ser humano será, acima de tudo, aquilo que tiver projetado ser.

2. Vontade sem ação é devaneio. Para de sonhar e age. Escrever é como nadar, como andar de bicicleta – é preciso movimentar os braços, movimentar as pernas. No caso da escrita, é preciso movimentar o cérebro.

3. O melhor exercício para o cérebro é a leitura. Além de nos transformar em escritores, a leitura é importante para a saúde, evita o Mal de Alzheimer.

4. Um escritor não precisa ser um lobo solitário, como pregava Hermann Hesse. Pode – e deve – freqüentar cursos acadêmicos, oficinas literárias. Aliás, hoje em dia, é aconselhável que pretendentes à escritura evitem o romantismo e as idéias feitas.

5. Desde o tempo de Platão e Aristóteles, só há dois tipos de escritores, os idealistas e os materialistas, e não há conciliação entre os dois. Há extraordinários escritores idealistas e péssimos escritores materialistas, e há extraordinários escritores materialistas e péssimos escritores idealistas.

6. Ser um escritor idealista ou materialista é só uma questão de ideologia, de visão de mundo. Evite, apenas, o panfletarismo, que é o uso servil das idéias. Não existe literatura isenta, politicamente. Na estrutura profunda de um texto, a ideologia sempre se manifesta. Na estrutura aparente, ou de superfície, o que importa é a técnica.

7. Só existem bons e maus escritores, no sentido técnico. O que são bons escritores – ainda não sabemos. O que são maus escritores nós o sabemos sobejamente.

8. São maus escritores aqueles que constroem histórias desconexas, de temas inexpressivos e estereotipados, em estilo adiposo, desajeitado, flácido, sem harmonia e sem sutileza, com cenas e situações inverossímeis, compostas com descrições desnecessárias e sem articulação com a narração, e arrematadas com diálogos artificiais e inúteis.

9. Todo escritor é um vir a ser. Acreditar-se pronto e acabado é o princípio da morte autoral. A obra prima pode ser a primeira, a décima segunda ou a última obra de um determinado autor. Quem assina a obra completa é a morte. Enquanto vivo, o escritor é um ser em construção. Por isso, o orgulho e a vaidade são extremamente perigosos. Quem sacraliza o próprio texto pode inventar uma nova religião, mas não uma grande literatura.

10. Um escritor somente é escritor quando menos é escritor, no instante mesmo em que tenta ser escritor e escreve. Na absoluta solidão de seu ofício, enquanto a mente elabora as frases e a mão corre para acompanhar-lhe o raciocínio, é escritor. Nesse espaço, entre o pensamento e a expressão, vibra no ar um ser sutil, fátuo e que, terminada a frase, concluído o texto, se evapora. Nesse átimo, o escritor é escritor. Aí e somente aí. Depois, já é o primeiro leitor, o primeiro crítico de si mesmo e não mais escritor.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Confira o programa Pedro Ernesto Entrevista - 08/03/2011

Entrevista na TVCOM

Sei que ninguém viu a entrevista que dei na TVCOM, no Programa Pedro Ernesto Entrevista, pois foi ao ar no meio do feriado de carnaval. Nela, lancei a candidatura de Luiz Antonio de Assis Brasil para a Academia Brasileira de Letras.

Se alguém quiser ver, pode acessar o site abaixo:

http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=1&contentID=170782&channel=41

sexta-feira, 4 de março de 2011

De trabalhos e cansaços

Há alguns anos, quando entrei para a Editora Record, imaginei que agora sim, agora meus livros iam deslanchar. Que nada, continuei vendendo umas ninharias. Um livro de contos meu, Logo tu repousarás também fez a gentileza de vender 2 ou 3 exemplares em 3 meses, como já contei aqui. Não que eu queira vender como o Paulo Coelho, mas eu queria receber de direitos autorais o suficiente para pagar um jantar, comprar uma máquina nova de lavar roupas, pagar um final de semana na Serra. Trabalho de segunda a sábado, dando aulas em três locais diferentes, para ter um padrão de vida decente, para dar a minha filha Sofia e a Marta, minha mulher, um pouco de tranquilidade (a outra filha, a Maíra, tem 30 anos e já se vira sozinha), mas ando cansado de trabalhar tanto.

Enfim, bem que eu queria viver de direitos autorais. Sei que não vou conseguir isso, mas não custa sonhar. Na década de 90, cheguei a sobreviver com direitos autorais, e assim tive condições de fazer uma formação superior. Meus livros vendiam muito, estavam bem distribuídos. E aí minha editora praticamente faliu e minhas vendas despencaram também.

Agora, aos poucos, vou recumperando um espaço que já tive.

Quando estive em São Paulo, para o lançamento de Para ser escritor, na Livraria Cultura, o Luiz, da minha outra editora paulista, a Manole, trouxe-me a nova edição de O pêndulo do relógio & Outras histórias de Pau-d´Arco, que foi rodada agora. Extraoficialmente, ele garantiu que esse meu livro vendeu, em 2010, um pouco mais de 15 mil exemplares.

Depois dessas duas boas notícias, a reedição de Para ser escritor e de O pêndulo do relógio voltei a sonhar a trabalhar menos e escrever mais.

Quem sabe em 2012 eu publique meus romances O santo da caveira, Dia de matar porco, O cavaleiro da Ordem da Avenca e Pó-de-mico, Barbicacho e Diabo Loiro? Eles estão lá, no limbo dos livros não publicados, a espera de que eu me anime um pouco. A desilusão com o sistema literário brasileiro tem me feito deixá-los no escuro, esquecidos em meu escritório.

terça-feira, 1 de março de 2011

Para ser escritor, nova edição

Recebi hoje uma boa notícia. Eu diria até que é uma grande notícia. Tainã Bispo, minha editora na Leya Brasil escreveu-me dizendo que o livro Para ser escritor está indo para a segunda edição de 3 mil exemplares.

Isso significa que o livro vendeu, entre 05 de novembro, quando foi lançado na Feira do Livro, e hoje, 01 de março, 3 mil exemplares.

Ou seja, em breve teremos mais 3 mil escritores no mercado brasileiro do livro, já que a obra se destina àqueles que desejam ser escritores, como o título anuncia.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, dizia Camões. Antigamente, as pessoas queriam ser leitores. E eram. Platão chegou a afirmar que uma casa sem livros era um corpo sem alma. E os gregos, é bom lembrar, não tinham máquinas impressoras rotativas, e acreditavam na existência da alma.

Ainda ontem, no enterro de Moacyr Scliar, a escritora Tania Faillace voltou a me criticar por causa das oficinas literárias. Ela pensa que eu e o Assis Brasil somos responsáveis pela falência da literatura, pois a cada ano colocamos no mercado editorial centenas de novos autores.

Entre as tumbas do cemitério israelita eu disse a ela que se as oficinas não servem para formar escritores, como ela pensa, são viveiros de novos leitores, até para os livros que ela escreveu.

Perguntem ao editor Ivan Pinheiro Machado, da LP&M, quantos exemplares de Cavalos do amanhecer, de Mário Arregui, ela já vendeu aos meus alunos e ex-alunos de oficina...

Perguntem aos editores de Raymond Carver ou de Bernard Malamud...

Para ser escritor é preciso – antes de mais nada – ler. E é o que os candidatos a escritores estão fazendo...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O cometa Elenin, Scliar e o número 11

Fiz previsões ilárias para 2011, e fiz também ilárias ilações sobre o número 11. Observem que ilárias ilações, além de aliterante é hilariante: i-i.

Remeti, por e-mail, o texto sobre o 11 a exatas 111 pessoas, amigos e alunos. Apenas 2 (1 + 1), entraram em contato, o Ernani Magalhães e o Guido Koppitke. Ambos lembraram que para alguém com mais de 111 anos a mistificação do 11 não funciona. Claro, né? Matemárica é ciência exata.

Mas eu prefiro as inexatas. Entre a reta e a curva, prefiro a curva. É mais macia, mais doce, mais sensual.

Brincadeiras à parte, tenho mais uma previsão para 2011.

Profetizo que no dia 11 de setembro de 2011 as televisões do mundo inteiro mostrarão imagens magníficas do cometa Elenin, cruzando os céus noturnos. O Jet Propulsion Laboratory, da NASA, chama a esse cometa de C/2010X1 ou Hyperbolic Comet SPK-ID: 1003113.

Eu já disse ao Guido Koppitke e repito aqui: o que me interessa na matemática é a sua contraparte literária. Matemática, como qualquer ciência, é mythos, no sentido grego. Mythos é a boa construção das partes; mythos é qualquer narrativa. Um teorema, como aquele do Pitágoras, do quadrado dos catetos, é um conto perfeito. Ou, uma conta perfeita. Pouca gente sabe, mas conto deriva de computus, do latim, e que em português significa contar. O conto começou quando o homem das cavernas contou o número de coelhos que matou na caçada. "Matei 11", ele contou, depois de contar o número de bichos mortos.

Voltemos ao cometa Elenin e ao número 11, com sua simetria perfeita, seu anagramatismo fascinante.

O SPK-ID: 1003113 foi descoberto pelo astrônomo russo Leonid Elenin, de quem herdou o nome, como é hábito na astronomia. A matemática numera, a literatura nomeia. A matemática deve honra à literatura, pois o número é nome. Nume é divindade, poder celeste. Número, derivado de nume, vem do céu, da divindade. O número é o que mais se aproxima do divino, na terra.

Apliquemos literatura (que é brincadeira com a linguagem) a Elenin, o cometa. Vejam o nome do russo, que para nós, brasileiros, é o segundo nome ou sobrenome:

Elenin.

Eleven nine (onze nove). Ou 11 de setembro.

Moacyr Scliar está em coma (raiz de cometa), num hospital. Durante décadas, ele pesquisou o que chamava de nomes que condicionam destinos. Muitas vezes encaminhei a ele material para sua pesquisa. Se eu pudesse, mandaria mais essa ao Mico, meu amigo (Mico, apelido de Scliar; amicus, amigo, em latim).

O cometa Elenin (eleven nine) estará em periélio (o ponto da órbita mais perto do Sol), entre os dias 09 e 11 de setembro (que é o mês 9 do ano) de 2011.

Deus é mesmo um geômetra, não é, Scliar?

Místicos e loucos em geral ficarão apreensivos no nono mês de 2011. Teremos um raio que vem dos céus no céu, e em órbita perto da terra; e teremos, na Terra, outro raio que vem do céus ("barack o bama"), em órbita com grandes conflitos no Oriente Médio.

Esperamos que ele não use 11 raios contra 11 países de crença muçulmana.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Profecias para 2011

Pitágoras ensinava aos seus alunos que o número 1 representava o poder do céu, o poder de Phytourgós (Aquele que faz o que é vir a ser).

Neste ano, 2011, teremos o poder de Phytourgós duplicado.

Encontrei nas Crônicas de Chacxulubchen, dos Maias, que Daniela Langer publicará um livro de contos em 2011. Segundo o texto antigo, quando essa menina nasceu, Gucumatz derramou sobre ela o poder da palavra. Como Daniela havia esquecido completamente essa dádiva, matriculou-se nas oficinas de Charles Kiefer, onde permaneceu por longos anos.

Já em 2011, Daniela colherá os frutos do que Gucumatz lhe deu. Rodrigo Rosp, que foi criado por Tepeu, será o veículo da realização da profecia.

Num texto grego perdido há muitos séculos, encontrei indícios de que Nelson Rego fará uma homenagem aos daimones em 2011, publicando também um grande livro de contos. Nelson foi ao oráculo em Delfos e perguntou à pitonisa sobre seu futuro como escritor: Se queres ser profeta, continue escrevendo como escreves, labiríntica e tortuosamente. Mas saibas de uma coisa: poucos te entenderão. Por outro lado, se queres ser escritor capaz de escrever com simplicidade e profundidade, procura o mestre Kiefer, que ele te indicará o caminho.

Nesse mesmo texto de Philei de Antikhitera, encontrei uma singular profecia a respeito de um tal de Ricardo de Oliveira Silveira. Segundo o códice, esse rapaz, se quisesse ser feliz e bem aventurado, deveria dedicar-se à therapéia (palavra grega que significa, como todos sabem, "servir a Deus", mas que os modernos secularizados transformaram em terapia). Depois de muitos anos servindo a Deus, Ricardo escreveria um livro, mostrando as grandezas e misérias dos seres humanos.

Em 2012, profetizo que Ricardo Oliveira Silveira concorrerá com Rubem Fonseca ao Prêmio Jabuti. Sim, em 2012, porque o livro de Ricardo será lançado em 2011.

As previsões são estas, para 2011.

Ah, ia esquecendo: também em 2011 sairá, no Brasil, o livro A física do impossível, de Michio Kaku.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Amnésia coletiva

Algumas pessoas, depois de grandes traumas, produzem amnésia, que é uma forma de negar a própria experiência, de esquecer o sofrimento psíquico.

O processo é semelhante com as civilizações. Depois de catástrofes apocalípticas, os sobreviventes recalcam a memória desses dolorosos eventos, e reiniciam a vida comunitária. A longo prazo, criam novos impérios, com técnicas mais avançadas. Os milênios se passam e todos se sentem felizes, certos de que estão protegidos pelo saber científico e pelas instituições públicas.

No entanto, o material recalcado insiste em reemergir através da voz dos profetas, dos místicos, dos poetas. Vate, como sabemos desde os gregos, é quem vaticina, quem anuncia, quem é louco. Estes, que recebem das profundezas de seu psiquismo as mensagens trágicas, tentam avisar a seus contemporrâneos, mas são taxados de ridículos, de insanos e de não-científicos.

Como a cicatriz sobre o corpo, os textos antigos, os textos milenares, guardam ainda os registros daquelas tragédias coletivas. No entanto, são tomados pelos cientistas da nova civilização, orgulhosos olímpicos de seu pequeno saber, como mitologias.

Albert Einstein, que jamais negou o que não conhecia, levava a sério as idéias de Immanuel Velikovsky.

Se o velho cientista russo ainda vive, seria interessante que os sábios atuais tornassem a ouvi-lo. Não nos livrará das novas hecatombes, mas talvez alguns se convençam da necessidade de planos de contingência.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A literatura, o frio e o Vítor Ramil

Os períodos interglaciais, de clima mais temperado, acontecem entre as grandes glaciações, como a etimologia nos diz, e não duram mais de 12 mil anos. E são nesses períodos que nós, humanos, temos a chance de erguermos as nossas civilizações. A cada 100 mil anos, uma rodada de frio intenso, com os glaciares destruindo cidades pelo caminho, eliminando boa parte da flora e da fauna. E aí, um refresco, ou um caloresco, de 12 mil anos, para que a gente possa erguer os nossos templos, as nossas universidades, as nossas choupanas e os nossos castelos.

A revolução industrial deve ter ajudado a atrasar um pouco a nova glaciação que vem por aí. Ao contrário do que diz a mídia e alguns cientistas a serviço do capitalismo, devíamos fazer mais fumacinha para afastar o mais possível um novo período de baixíssimas temperaturas. Com tanta propaganda a favor do aquecimento global eu até já andava me sentindo culpado por usar um carro a gasolina!

Do ponto de vista do destino cósmico, é um grande azar estarmos aqui, exatamente no começo de uma nova época fria, principalmente para mim, que sofro de reumatismo e impaciência com papagaios midiáticos. Os fazedores de opinião reproduzem, ipsis literis, os releases que recebem das editoras, das indústrias farmacêuticas, das instituições bancárias. Nunca, na história da humanidade, foi tão fácil de enganar a tantos com tão pouco esforço!

Mas, do ponto de vista geográfico, nós, os brasileiros, somos uns sortudos, como são os australianos. Vai ver que era por isso que o Brizola gostava tanto da Austrália!

Tanto brasileiros quanto autralianos precisam ser avisados de que o clima, nos dois países, ficará mais chuvoso e mais seco, nas próximas décadas, alternando esses estados como a bolinha da roleta entre o preto e o vernelho. Embora nossos invernos virão a ser mais frios, não chegaremos às montanhas de neve e gelo como no Canadá, EUA e boa parte da Europa.

Alguém, por favor, avise a Dilma, pois o Brasil pode ter vantagens estratégicas fantásticas sobre o resto do mundo nos próximos 20 anos, do ponto de vista da produção de alimentos. Comida, meus irmãos, vai virar objeto raro e caro. Isso se o que vem por aí for só uma miniglaciação e não uma glaciação longa. Como disse alguém, no longo prazo estaremos todos mortos. O que importa é o amanhã, o próximo ano, a próxima década.

Quem olha para a história das artes sem preconceito vai perceber que as miniglaciações produziram artistas fantásticos. Boa parte do segredo dos violinos stradivarius está na madeira do instrumento. O "Messias", que é o violino mais famoso do luthier italiano, é de 1716. O espruce do tampo harmônico, o salgueiro das partes internas e o bordo do fundo e do braço foram temperados pela miniglaciação de 1650.

Talvez, e meio sem querer, como quem atira num mosquito e acerta numa águia, o Vítor Ramil tenha bordejado essa questão no seu interessante A estética do frio.

Em Paris, em 2003, numa mesa redonda na livraria FNAC, eu recusei parte de sua tese. Reconheci que sim, que a temperatura tem um papel importante no pensamento e na reflexão. Quem não pode ir à praia, fica em casa lendo, e isso melhora sua condição intelectual. Eu só não concordo com as derivações que o Vitor faz a respeito do frio sobre a nossa literatura. Penso que, neste período interglacial que nos coube viver aqui na fronteira Sul, o frio não teve tanta importância assim para a literatura gaúcha. A revolução farroupilha, o positivismo, o Brizola e o IEL, por exemplo, foram mais importantes que o vento minuano. Ou seja, para mim, aqui no Estado, a política teve um papel fundamental. O Tarso prometeu ontem, numa janta em que estivemos no Palácio Piratini, que viveremos novos tempos áureos na cultura. Ele já começou bem, escolhendo Assis Brasil para dirigir a Secretaria que cuida desse assunto.

Durante a nova miniglaciação, quando nossos invernos forem mais rigorosos do que já são, recolhidos e meio encarangados, finalmente os escritores gaúchos terão tempo de estudar, de escrever mais, de ler uns aos outros. Dostoievski, por exemplo, a quarenta graus negativos, escrevia que era uma beleza!

Tudo na vida e na história tem dois lados, como o spin.

Se tivermos políticas públicas de qualidade os prejuízos de uma miniglaciação poderão ser minimizados. Uma grande biblioteca pública, com acervo atualizado, com um bom aquecimento interno, fará maravilhas quando as massas congeladas procurarem abrigo ali na Praça da Matriz. Já falei numa entrevista de TV sobre a importância da calefação na Europa, especialmente nas bibliotecas públicas, para o incremento dos índices de leitura.

O Obama, que não dorme de toca, já tem uma nova capital preparada para recebê-lo, no meio oeste, onde as temperaturas futuras serão um pouco mais amenas que na costa leste. Os gringos gastaram 100 bilhões de dólares com as novas facilities. É que eles, Macunaíma, tem políticas de longo prazo.

Dilma, que é uma estrategista, e que vem da área técnica, seguirá os bons exemplos?

O Grupo Alpha

Um de meus muitos sonhos adolescentes era ser cientista, mas nasci colono e pobre. Sem acesso a grandes universidades e potentes laboratórios, dediquei-me a estudar um outro tipo de ciência, mais antiga que a formada pelos pré-socráticos Zenão de Eléia, Tales de Mileto, Anaxágoras, Anaximandro e outros.

Fiz formação secundarista na área de química orgânica e inorgânica. Lembro-me da fascinação que eu tinha pelo spin, na nuvem atômica, capaz de passar instantaneamente do polo positivo ao negativo, e vice-versa, segundo os manuais de ciência da época. Hoje em dia, a ciência, que é tão científica, já mudou um pouco de posição em relação ao spin. Mas fiquemos com o spin de meu tempo de menino. Aquilo, me parecia, era uma chave para a compreensão do universo e do próprio tempo. Hoje, modernos laboratórios já conseguem teletransportar alguns quanta de energia. As coisas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo, como já se dizia nos Upanishades. Ah, desculpem: o Upanishades é obra mística! Estamos engatinhando, ainda, nesses segredos da matéria. A noção que temos, e que separa espírito de matéria, impede a rapidez dos nossos avanços científicos. Mas isso vai mudar. Nesse século, os pilares da psicanálise, da biologia, da física, da medicina, da astronomia, da química vão ruir, ou se reconstruir, alargando-se enormente. É uma lástima ter 52 anos e talvez não chegar a conhecer o verdadeiro admirável mundo novo que virá. 

Um dia, no segredo do meu quarto, que era afastado do corpo principal da casa de meus pais, misturei algumas substâncias e consegui uma pequena explosão, que encheu o ar com um gás leitoso. Felizmente, a janela estava aberta e o que "recebi" de presente de Hermes foi tontura, dor de cabeça muito intensa, palpitações, suores e olhos vermelhos.

Quando mostrei a fórmula do meu invento para um professor de química, ele teve um ataque. Segundo o mestre, se a janela não estivesse aberta, eu não estaria hoje aqui contando essa história.

De medo, abandonei as experiências alquímicas, mas continuei estudando, em gabinete, e longe de pipetas e buretas, as ciências ocultas. Evitei sempre a mais escura e tenebrosa, e que, no céu, foi estrela brilhante. Do spin universal, preferi o lado positivo. Desde os quatorze anos, faço isso. Por curiosidade, por necessidade psíquica, por diversão.

Como não sou frequentador de sociedades secretas, procurei dividir uma ou duas dessas informações com os meus alunos. Há anos, tento discutir com eles, com seriedade e sem preconceito, a questão da tradição escatológica e a teoria da relatividade. Só recebi sorrisos condescendentes, aversão "científica" ou hostilidade aberta.

Além de ridículo, sou teimoso. E assim, com os que me permitiram uma pequena abertura, com os que pensam que ainda não sabem tudo, com os que não se aferram às tais verdades científicas, e que costumam durar  pouco, às vezes sequer um século, formei o Grupo Alpha. Nenhum dos membros desse grupo sabe quem pertence ao grupo. Mando-lhes e-mails em cópia oculta, com cópia cavalo-de-tróia para mim mesmo. Com isso, nenhum deles se sente ridículo, só eu, que tenho coragem de afirmar, por exemplo, que o tal aquecimento global é uma mentira gigantesca e que estamos, sim, ingressando numa nova miniglaciação, com grande probabilidade de transformar-se numa glaciação longa.

Como eu acredito em esoterismos, em ciências ocultas e nas antigas tradições místicas, que a revolução cartesiana e positivista transformou em crendice popular, estou me preparando para o que chamo de Tempo dos Infortúnios. Anunciei, por escrito, a um jornalista, há muitos anos, que veríamos coisas espantosas a partir do ano 2000, com grande incremento nos arredores de 2012. Depois do tsunâmi asiático, e depois de outras tragédias gigantescas, o jornalista terá lembrado das minhas "bobagens milenaristas", como me disse alguém. Serve para alguam coisa?, perguntou-me outro. Se não serve, é melhor não saber. É o espirito de boiada, me disse um terceiro.

O Papa Gregório XIII atrapalhou um pouco os nossos cálculos. Para quem não sabe, esse papa corrigiu a diferença entre o ciclo solar e o calendário cristão. Ele retirou da contagem 10 dias do mês de outubro. Também decretou que fevereiro teria um dia a mais nos anos centenários que fossem divisíveis por 400.

Essa manobra papal tornou os cálculos de Nostradamus, por exemplo, imprecisos. Na Centúria X, 72, ele diz, literalmente:

No sétimo mês do ano 1999
Do céu virá o grande rei do terror.
Ressuscitará o grande rei de Angolmois.
Ele reinará serenamente antes e depois da guerra.  

Muitos, que conheciam minha obessão com o místico de Salem, gozaram-me por causa do erro do meu profeta preferido. Em 1999, não tivemos nenhuma grande guerra. Sim, pelo calendário atual não. Mas, se retirarmos as bulas de Gregório XIII, o "1999" de Nostradamus transforma-se em "2011". Alguns, objetarão: "Mas era burro, esse Nostradamus. Por que não previu que um papa mudaria o jeito de contar os anos?"

Peço que os meus amigos gozadores me gozem em 2015, se não vier sobre o Oriente Médio, entre 2011 e 2014, especialmente na região da antiga Mesopotâmia, a fúria do "grande rei do terror".

Para os leigos nesses assuntos, uma bobagem. Para os estudantes dos antigos mistérios, o nome de Barack Obama, que significa literalmente o raio que vem do céu, não é uma mera coincidência.

Pessoalmente, torço para que uma coisa não tenha nada a ver com a outra. Acho o Obama fantástico. Não gostei muito, confesso, e eu estudo essas simbologias há mais de 25 anos, do que vi na capa da Revista Vogue. Michelle Obama, na foto, manda um recado para um lado do spin. Obama é do mesmo grupo?

Torço para que o mundo continue em paz, que as pessoas continuem generosas como são, e que a democracia, por exemplo, seja respeitada no Egito, mesmo se a Fraternidade Muçulmana vencer as eleições!

Ai, ai, na Argélia, quando os fundamentalistas islâmicos ganharam no voto, as eleições foram anuladas!

Bem, paremos por aqui. O resto fica para o Grupo Alpha, com exclusividade.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Um engodo planetário

Durante seis anos, por essas curvas que o destino impõe à vida, dediquei-me à politica, trabalhando na área cultural de governo municipal e estadual.

Esses seis anos valerem, dou-me conta hoje, por seis faculdades, seis cursos de pós-graduação, seis mestrados e seis doutorados, tanto aprendi sobre o funcionamento do ser humano, sobre o funcionamento da mídia, sobre o funcionamento da própria sociedade.

Político, aprendi, não raciocina cientificamente, raciocina politicamente. E a realidade, para a política, é massa de moldar. Seres humanos, para a política, são meros acidentes de percurso. Ou de construção. Tijoletas, com que se constróem pavimentos ou catedrais. Não é por acaso que tantos politicos gostam do esquadro e do compasso.

E os políticos têm razão: a realidade não existe. O que existe é a percepção que temos da realidade. Uma mentira repetida mil vezes, especialmente repetida pelos meios de comunicação, transforma-se em verdade,  transforma-se em falsa percepção da realidade, ao menos por algum tempo. Infelizmente, para a política, a verdade tem queixo duro, é teimosa como um burrichó.

Ingênuos compram as verdades da mídia, que é o departamento de marketing da política. Como mais de noventa por cento da humanidade é ingênua, a mentira prevalece, em todos os campos.

Gente como esse Julian Assange, que criou o Wikileaks, não pode fazer parte da boiada humana. Quem quer um mundo de transparência, quem quer forçar o fim dos segredos, nos levará a uma guerra fratricida universal.

Nós precisamos da mentira, nós precisamos da ingenuidade.

Se todos conhecessem, a fundo, e sem ilusões, o verdadeiro funcionamento do que chamamos de sistema literário, prefeririam tornar-se pedreiros, e não escritores.

Se todos conhecessem a fundo o sistema jurídico, prefeririam tornar-se coveiros, e não advogados.

Se todos conhecessem a fundo o sistema de saúde, prefeririam tornar-se bailarinos, e não médicos.

Paro por aqui, para não ofener as outras categorias.

O aquecimento global é uma gigantesca falácia, um engodo planetário. Se você não quer fazer nada, faça reuniões, como dizia John K. Galbraith. Enquanto isso, os operadores ganham tempo. Os grandes arquitetos precisavam de tempo para mudar as matrizes industriais. Precisam de tempo ainda, por isso a mídia continua com a pagagaiada do aquecimento global. Talvez a mídia devesse dizer que precisamos de consumo de fósseis, que precisamos aquecer a atmosfera para não congelarmos de frio nos próximos anos.

Uma nova miniglaciação já começou. Após o Período Medieval Quente, seguiram-se três miniglaciações: a partir de 1.650; ao redor de 1.770; e também por volta de 1.850.

O futuro chamará o tempo entre 1.900 e 2008 de Período Moderno e Pós-Moderno Quente. Agora, estamos entrando na primeira miniglaciação do terceiro milênio.

Por isso, o governo dos EUA não deu a mínima aos tratados sobre aquecimento global. E se, agora, o raio que vem do céu prega o uso da green energy  não é por preocupação ecológica, mas por motivação política. Obama quer se livrar dos problemas políticos que a dependência da energia fóssil impõe ao seu país. Custa muito caro corromper governantes de países periféricos, fornecedores de matérias-primas. Custa muito caro manter uma máquina de guerra voltada para a contenção dos preços do ouro negro.

O aquecimento ou o resfriamento de nosso chãozinho depende do espaço sideral, do Sol, da força gravitacional de grandes planetas, e não dos nossos flatos e das nossas fumacinhas. O CO2, aliás, que produzimos, é ótimo para a Natureza: as árvores e as lavouras agradecem.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Onde se esconde a verdade

Recebemos os olhos para ver, os ouvidos para ouvir e o cérebro para pensar.

Se você vê, se você ouve e se você pensa, mande um e-mail para charleskiefer@uol.com.br e responda as seguintes perguntas:

1) A Indonésia está afundando ou é o mar ao seu redor que aumentou de nível em 6 metros?

2) Há uns três meses ou mais, aqui em Porto Alegre, tento ver um pôr-de-sol e não consigo. O horizonte está sempre coberto de nuvens. Nesse momento, o décimo planeta, o sol gêmeo, o Nibiru da mitologia mesopotâmica, deveria estar ao lado do Sol, na linha do horizonte, mas com a paisagem sempre encoberta não consigo vê-lo. Alguém viu o pôr-de-sol nos últimos tempos? Até quando teremos nuvens no horizonte, no Hemisfério Sul?

3) Por que o gelo nos pólos Norte e Sul aumentou tanto nos últimos dois anos? Não deveria estar diminuindo, All Gore? Quem visitar o Google Hearth e chegar aos pólos, por favor me explique o que é aquele anel gigantesco na calota polar antártica?

4) E aquela mortandade de pássaros e de peixes que houve em tantos países (eu cheguei a rastrear mais de 20 episódios ao redor do globo)? Foi cientificamente explicada?  

5) Por que a CIA, que tem aquele olho sempre aberto e flutuando na parte de cima da pirâmide na nota de um dólar, não percebeu as revoltas que se armavam no Oriente Médio, e que vão aumentar, espalhando-se por muitos outros países?

6) Ventos de 300 quilômetros por hora açoitaram a Austrália e parece que houve um único óbito, se não estou enganado. Sei a resposta: previsibilidade. Coisa que nós, brasileiros, abominamos. Vivemos da mão para a boca e depois culpamos o destino pelos nossos mortos. Previna-se você também, por que as tragédias naturais vão aumentar, e muito. Inscreva-se em http://www.gdacs.org/ (Global Disaster Alert and Coordination System).

7) Hillary Clinton, Secretária de Estado, acaba de convocar 285 embaixadores e cônsules de seu país para a Global Conference of Heads of Mission of 2011. Eles, em reuniões secretas, serão avisados do que vem por aí? O Obama vai abrir os arquivos sobre naves e seres extraterrestres? Vão fechar as portas de imigração, impedindo o ingresso de milhões de refugiados que a mudança dos pólos magnéticos da Terra causará? Os maias fugiram para o meio do mato. Nós fugiremos para onde? Hillary anunciará o fim do Dólar e  o nascimento do Amero?

Follow the money, folks. Lá, onde o dinheiro se esconde, se esconde a verdade.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Os números e os ciclos

A última glaciação cessou a 11.500 anos atrás. E a cada 11.500 anos, como um relógio suíço, a natureza terrestre prepara uma nova glaciação. Isto significa que estamos às portas de uma nova idade do gelo, se é que já não ingressamos nela.

A NASA afirma que a partir de 2022 a atividade solar deve declinar. Teríamos, então, apenas uma década para abrirmos os guarda-roupas, instalarmos bons sistemas de calefação em nossas casas, estocarmos sementes e grãos...

Será por isso que estão estocando toneladas de sementes e grãos na  Europa? Meu primo, Marcos Losekan, que é correspondente internacional da TV Globo, em Londres, já fez matéria sobre esse assunto.

Humildemente penso que já neste inverno, a partir de meados de março, fará muito frio aqui, na região Sul. Nos EUA, neste inverno, o frio tem batido todos os recordes históricos. E nos próximos anos será pior.

E o aquecimento global? E o livro assustador de All Gore, que li com muito cuidado? Era all lies? Era, ora. As empresas de comunicação, os institutos científicos e os governantes estão todos mancomunados e escondendo coisas da gente?

Parece que estão. Como dizem os norte-americanos, se queres saber a verdade, follow the money. Isso mesmo, siga o dinheiro. As discussões no congresso americano, por exemplo, sobre as verbas secretas do orçamento anual podem ser vistas na internet. Quem tem ouvidos de ouvir, ouça. 

No passado, civilizações inteiras foram varridas do mapa quando Gaia resolveu corcovear.

Angkor, por exemplo, era enorme, e hoje está desaparecida sob densa floresta.

Na Bósnia, existiram pirâmides semelhantes às pirâmides dos maias e astecas, construídas há milhares de anos, e hoje elas estão desaparecidas sob florestas e parecem simples montanhas. Não fosse o delírio de um menino, que acreditava existirem pirâmides embaixo das montanhas de sua terra natal, e não conheceríamos essas novas maravilhas do mundo antigo. Semir Osmanagic ignorou a chacota, formou-se arqueologista e provou ao mundo que estava certo.

Tu que me lês e és um cético, e te orgulhas disso, vai atrás da informação, confere e constata se estou delirando também, como delirou Semir Osmanagic.

No futuro, não muito distante da época em que escrevo, civilizações arrogantes serão varridas do planeta quando Gaia repetir seus ciclos.

Tudo é número, a evolução é a lei da vida, o número é a lei do universo, como dizia Pitágoras.

Neste ano, como todos já perceberam, teremos o império do número 1. Vejam as datas: 1/1/11 e 1/11/11 e 11/1/11 e 11/11/11.

O número 1 está também, e irremediavelmente, na tua própria vida, leitor atento. Toma a década do teu nascimento e soma com a idade que tens ou terás neste ano. Se a soma não totalizar 11 ou 111, não me chamo Charles, o místico pitagórico.

Exemplos:

Charles nasceu em 58 e fará, neste ano, 53 anos. Total = 111.
Marta nasceu em 78 e fez, neste ano, 33 anos. Total = 111.
Maíra nasceu em 80 e fará, neste ano, 31 anos. Total = 111.
Sofia nasceu em 02 e fará, neste ano, 9 anos. Total = 11.

O ano de 2011 inicia um ciclo de grandes e profundas transformações, em todos os campos. Quem viver, verá.

Abaixo, podes conferir as informações.

Sobre a estocagem de sementes e grãos:

http://www.youtube.com/watch?v=DsVNg_vS_M0&feature=fvw

Sobre a maravilhosa civilização que existiu em Angkor:

http://www.youtube.com/watch?v=IN46a_PjKFM

Sobre as pirâmides descobertas na Bósnia:

http://www.youtube.com/watch?v=mLksqQzbUh0&feature=related

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O raio que vem do céu

Ontem, dormi tarde. Ouvi, pela CNN, o presidente dos Estados Unidos fazer o seu Discurso do Estado à União, em sessão conjunta no Congresso.

Algumas coisas impressionaram-me muito.

Falou, sem ler, e aparentemente sem ponto, durante 80 minutos. Num inglês de fazer inveja, sem titubear, com elegância retórica, riqueza lexical e correção sintática. Cometeu uma única imprecisão, quando homenageava o empresário norte-americano que inventou a cápsula que socorreu os mineiros do Chile.

Foi interrompido por longos aplausos mais de 80 vezes, tanto por democratas quanto por republicanos.

Mc Caim, seu adversário nas últimas eleições, aplaudiu-o de pé.

Quando fez um trocadilho sobre os gays nas Forças Armadas, não foi aplaudido pelo alto comando militar que estava presente.

Transcrevo-o em inglês, para que a sua graça retórica não se perca: no american will be forbidden from serving the country they love because of who they love.

Barack Obama, em certo momento, levou-me às lágrimas. Não é todo ano que a gente ouve um presidente da maior potência do planeta valorizar a figura do professor.

Eis o que disse, literalmente:

If you want to make a difference in the life of our nation; if you want to make a difference in the life of a child – become a teacher. Your country needs you.


Se tu queres fazer diferença na vida de nosso país; se tu queres fazer diferença na vida de uma criança – torna-te professor. Teu país precisa de ti.

Obama não convocou a juventude dos EUA a jogar futebol, a viajar pelo espaço, a transformar-se em astro de cinema. Ele incentivou milhões de meninos e meninas a se tornarem professores. E consumiu boa parte de seu discurso conclamando a sociedade norte-americana a investir mais e melhor em Educação.

Barack O Bama significa “o raio que vem do céu”. Ontem, a luz apolínea de sua extraordinária retórica luziu sobre o Congresso.

O primeiro presidente negro dos Estados Unidos da América sabe que seu povo terá anos muito difíceis pela frente: uma nova glaciação se aproxima; grandes distúrbios sociais tomarão as ruas de muitos países; os efeitos cataclismáticos da natureza em fúria já estão aí; um novo baktun (ou uma nova era) começará dentro de dois anos, mas ele parece ter sido preparado pelo destino para enfrentar as adversidades. Ou pelo menos pela linguagem, que adquiriu nas escolas e faculdades que freqüentou.

Que O raio que vem do céu não venha em sua forma maligna, como Deus da Guerra, mas em sua forma benéfica, como raio de cultura, educação e cidadania.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O livro que não deveria existir

Em 1912, um vendedor de livros raros, Michal Wojnicz, polonês, comprou um manuscrito exótico da College Ghislieri, instituição educacional dos jesuítas de Frascati, Itália.

Michal meteu-se com revolucionários russos, foi preso e enviado à Sibéria. De lá, fugiu para Londres, onde se tornou livreiro. Mais tarde, transferiu seu negócio para a costa leste dos EUA, já com o nome de Wilfred M. Voynich.

O Manuscrito de Voynich é uma das maiores preciosidades bibliográficas da história da humanidade. Hans P. Kraus, bibliófilo e livreiro, adquiriu-o e, como é tradicional entre empresários norte-americanos, doou-o ao Museu da Universidade de Yale, em 1969, onde hoje se encontra.

Esse livro, tecnicamente, não existe, pois até hoje, apesar dos esforços de centenas de lingüistas, antropólogos, historiadores e cientistas, não foi decodificado. Se um “texto”, que é uma rede de significação, só existe na medida em que é lido, o Manuscrito de Voynich não existe.

O “livro” é composto de 272 páginas de velino. Dessas, 240 são recobertas por uma estranhíssima “linguagem”. Segundo especialistas, a partir de exames de datação em laboratório, concluiu-se que o suporte teria recebido a tinta entre 1404 e 1438.

Composto de 170.000 caracteres (ou hieróglifos) também desconhecidos, o Manuscrito de Voynich contém ainda algumas ilustrações. São desenhos de plantas, aquedutos e, principalmente, de figuras femininas.

Embora os criptologistas e lingüistas que o examinaram, e foram centenas, reconheçam que o texto contém uma “linguagem identificável”, já que é feito de estruturas e regras de construção parecidas com as das línguas antigas e modernas, sequer uma única palavra, de suas 35.000, foi, até aqui, identificada.

No século XVII, o manuscrito pertenceu a um obscuro alquimista de Praga, Georg Barech. Ele o usava como manual?

Como se pode imaginar, a mitologia em torno do Manuscrito de Voynich é abundante.

Produto de uma linguagem perdida na idade média européia? Manual de medicina e de alquimia? Texto alienígena? Texto maçônico, já que Voynich comprou o original da Sociedade de Jesus?

No museu da Universidade de Yale ele é conhecido como O livro que não deveria existir.

Quem se habilita a ser o Champollion desse texto?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O Planeta Viajante

Cientistas devem procurar o cálculo, a álgebra, o compasso, a prova; escritores, o sonho, o desejo, o medo, o mito. Os instrumentos dos primeiros matam a criatividade dos segundos. Escritores precisam saber – como dizia Mario Quintana – que não basta a uma vida ser vivida, ela precisa também ser sonhada.

E os tempos que vivemos, sobrecarregados de cientificidade, não são propícios às artes. Épocas como a nossa geram estéticas decadentes, desvitalizadas, comerciais.

Parece, mesmo, que estamos nos estertores de um ciclo, como dizem os adeptos da Nova Era. Para o tzolkin (“a contagem de dias”) dos maias, 21 de dezembro de 2012 será o último dia do décimo terceiro baktun (ciclo longo de 144.000 dias). No dia 22, começará um novo baktun. Se eles estivessem ainda entre nós, inaugurariam uma nova pirâmide, com decapitações e festas.

As primeiras referências míticas ao Planeta Viajante apareceram na Mesopotâmia, entre os sumérios. No poema épico Enuma Elish, na Tábua V, Nibiru (termo acadiano), significa “cruzamento” ou “ponto de transição”. Seria o ponto mais alto da eclíptica – o solstício de verão. Lá, no épico, ele não é um planeta, mas um estado astronômico. Zecharia Sitchin, que estudou a fundo esses mistérios, converteu-o em astro. Ou deu o nome de Nibiru ao corpo celeste que faria a tal órbita de 3.600 anos. Sempre que ele retorna, por conta de sua extraordinária massa, geraria confusões gigantescas: disfunções solares, desequilíbrios de órbitas, mudanças climáticas extremas, incremento de grandes terremotos e tsunamis, extermínios de peixes, pássaros e outros animais, novas glaciações, mudança dos pólos magnéticos e por aí afora.

Nibiru é chamado também de Planeta Destruidor, Hercólubus, Nêmesis, Apólion, Estrela de Absinto, Planeta Vermelho, Planeta Intruso, Planeta Higienizador, Éris, Duplo Sol, entre outros.

Um planeta alado aparece, efetivamente, na estatuária babilônica. Encontrei em minha biblioteca uma foto de um detalhe do Obelisco de Shalmaneser III (858 a. C. – 824 a. C.), onde se pode ver o círculo com suas asas e cauda. Dizem que a Chrysler criou a sua logomarca a partir desse símbolo babilônico.

Para alguns, as imagens do planeta com asas, entalhadas em pedra nas terras que viriam a ser o Iraque, é, simplesmente, Júpiter.

Que os povos antigos eram exímios em astronomia não restam dúvidas, pois restaram os zigurates, as pirâmides, e aquele fascinte objeto encontrado no Mar Egeu, que tem sido chamado de "o primeiro computador", o antikithera.

O Planeta Viajante, mesmo que não exista, e por isso mesmo para homenageá-lo, aparecerá na capa de meu novo livro, alegoricamente convertido num chapéu. Tomei o cuidado de preparar o lançamento para março deste ano, por razões óbvias.

Eis a cronologia do mito:

Maio de 2011: Nibiru será visível a olho nu, como um objeto avermelhado no céu. Passará no plano da eclíptica e parecerá um segundo Sol, com o tamanho da Lua.

14 fevereiro 2013: A Terra se movimentará entre Nibiru e o Sol. Acontecerá, então, a mudança magnética dos pólos, com resultados nada animadores.

1 julho 2014: Nibiru já não exercerá força gravitacional que nos afete, e viajará para além do sistema solar, em sua órbita de 3.600 anos.

Depois de 2014: Os sobreviventes criarão novas religiões, levantarão novos altares. Não faço idéia dos nomes que escolherão para os seus novos deuses, mas suspeito que o mal se chamará NASA. Em 2009, enquanto um asteróide passava de raspão pela Terra, a grande agência espacial silenciou, para não criar pânico. Quem engana uma vez, engana duas, como sabem os torcedores de um certo time de futebol.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O Tempo da Reação Organizada

Se estamos ingressando no Tempo dos Infortúnios, e creio que estamos, deveríamos criar, como forma de compensação, o Tempo da Reação Organizada.

Que a Natureza (com maiúscula, como se escrevia à época em que a respeitávamos) despertou e ruge, parece mais que evidente. Se a causa é a ação humana (emissão de gases poluentes, destruição de florestas e desertificação pelo mau uso do solo) ou astronômica (tempestades solares, mudança dos pólos magnéticos, ação gravitacional de um mítico décimo planeta, que faria a sua órbita a cada 3.600 anos – Nêmesis ou Hercóbulus, para os gregos; Nibiru, para os assírios e babilônios; Estrela de Absinto, para os antigos semitas; Planeta Vermelho, Planeta Intruso, Planeta Higienizador ou Planeta Viajante para os místicos de variadas épocas e culturas – não importa. O que importa é que muita gente está morrendo e vai morrer de forma catastrófica. Organizações internacionais calculam que teremos entre 3 a 4 milhões de óbitos por fenômenos naturais nesta segunda década do século XXI.

A primeira década já deu uma demonstração alentada do que vem por aí: terremoto do Haiti, entre 250 e 300 mil mortos; tsunami no oceano índico, 330 mil mortos; erupção de cinzas do vulcão Eyjafjallajökull, que gerou bilhões de dólares de prejuízo, especialmente para a área da aviação civil. Não cito aqui as dezenas, senão centenas, de eventos menores, como enchentes, deslizamentos, incêndios florestais, vazamentos tóxicos e outros fenômenos naturais que produziram milhares de mortos.

E o que mais nos espera? Terremotos, maremotos, erupções vulcânicas de grande magnitude (atenção para o Etna, na Itália, e para o Parque Nacional de Yelowstone, nos EUA). Creio, também, que estamos entrando numa nova era glacial, mas essa tem pouca importância imediata, já que as glaciações são fenômenos de longa duração. Dados de satélite demonstram que a calota polar norte voltou a crescer nos últimos dois anos e alguns cientistas já falam em "mini-glaciação", que aconteceria nos próximos vinte anos.

Diante desse quadro, deveríamos seguir o exemplo dos norte-americanos, que em 1979 criaram a FEMA (Federal Emergency Management Agency ou Agência Federal de Administração de Emergências), um órgão público que coordena respostas rápidas às ocorrências de grandes desastres, naturais ou não.

(Depois de ter escrito isso, um amigo lembrou-me a existência da Secretaria Nacional da Defesa Civil. Pesquisei e descobri que no dia 01 de dezembro de 2010 foi promulgada a lei 12.340, que dispõe sobre o SINDEC. Menos mal, e sinal que o governo brasileiro também está atento ao que vem por aí... Para conhecer a Lei basta clicar duas vezes em http://www.datadez.com.br/content/legislacao.asp?id=112059).

Não podemos mais apelar para paliativos, convocando a bondade ingênua para a arrecadação de sacolinhas de roupas usadas e alimentos não perecíveis. O tempo não corre a nosso favor. Que a presidente Dilma, que se mostrou uma excepcional gerente em todas as áreas em que atuou, convoque a sociedade civil, a Câmara Federal e o Senado para ações preventivas e eficientes, de curto, médio e longo prazo. Copiar os bons exemplos sempre foi boa política.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Bibliografia teórica básica para o participante de oficina

Durante uma entrevista ao jornalista Luiz Gonzaga Lopes, do Correio do Povo, que deverá sair nos próximos dias, tive a idéia de postar aqui uma pequena lista de livros teóricos que utilizo nas minhas aulas de oficina literária. Como muita gente não pode frequentá-las, minha sugestão é que lessem os livros abaixo.


1. Teoria do Conto

BITTENCOURT, Gilda Neves da Silva. O conto sul-rio-grandense: tradição e modernidade. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1999.

BOSCH, Juan. Teoría del cuento. Tres ensayos. Mérida: Universidad de Los Andes, 1967.

BULLRICH, Silvina. Carta a un joven cuentista. Buenos Aires: Santiago Rueda Editor, 1968.

CORTÁZAR, Julio. Valise de cronópio. São Paulo: Perspectiva, 1974.

GOYANES, Mariano Baquero. Qué es el cuento. Madrid: Editorial Columba, 1967.

IMBERT, Enrique Anderson. Teoría y técnica del cuento. Buenos Aires: Marymar, 1979.

KIEFER, Charles. A poética do conto: De Poe a Borges, um passeio pelo gênero. São Paulo: Editora Leya, 2011.
—. Para ser escritor. São Paulo: Editora Leya, 2010.

MORAES LEITE, Ligia Chiappini. O foco narrativo. São Paulo: Ática, 1985.

PIGLIA, Ricardo. O laboratório do escritor. São Paulo: Iluminuras, 1994.

PREGO, Omar. O fascínio das palavras. Entrevistas com Júlio Cortázar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991.

PROPP, Vladimir I. Morfologia do conto maravilhoso. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1984.

REUTER, Yves. A análise da narrativa. O texto, a ficção e a narração. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002.

TODOROV, TZVETAN. Poética da prosa. Lisboa: Edições 70, 1971.

—. Teoria da Literatura – Textos dos formalistas russos. Lisboa: Edições 70, 1987.


2. Teoria da crônica

CANDIDO, Antônio et all. A crônica: O gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. São Paulo: UNICAMP, 1992.


3. Teoria do romance e da novela

ANNA, Romano Affonso de. Análise estrutural de romances brasileiros. São Paulo: Ática, 1989.

BAKHTINE, Mikhail. Questões de literatura e estética – A teoria do romance. 2. ed. São Paulo: UNESP/HUCITEC, 1990.

BOURNEUF, Roland et QUELLET, Real. O universo do romance. Coimbra: Almedina, 1976.

DOURADO, Autran. Uma poética do romance: matéria de carpintaria. Rio de Janeiro: DIFEL, 1976.

ECO, Umberto - Obra Aberta. São Paulo: Perspectiva, 1976. 288p.

JAMES, Henry. A arte da ficção. São Paulo: Imaginário, 1995.

JOSEF, Bella. Romance hispano-americano. São Paulo: Ática, 1986.

LAJOLO, Marisa. Como e por que ler o romance brasileiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

LUKÁCS, Georg. A teoria do romance. Lisboa: Editorial Presença, 1962.

KUNDERA, Milan. A arte do romance. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

MAESTRI, Mário. Por que Paulo Coelho teve sucesso. Porto Alegre: AGE, 1999.

MENDILOW, Adam Abraham. O tempo e o romance. Porto Alegre: Editora Globo, 1972.

MORETTI, Franco. Atlas do romance europeu. São Paulo: Boitempo, 2002.

MUIR, Edwin. A estrutura do romance. 2. ed. Porto Alegre: Globo, 1975.

SODRÉ, Muniz. Best-seller: a literatura de mercado. São Paulo: Ática, 1985.

TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1970.


4. Teoria da poesia

ARISTÓTELES. Poética. Porto Alegre: Globo, 1966. (Trad. Eudoro de Sousa).

BACHELARD, Gaston. Fragmentos de uma poética do fogo. São Paulo: Brasiliense, 1990.

BLOOM, Harold. A angústia da influência. Uma teoria da poesia. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

BARTHES, Roland. O prazer do texto. Rio de Janeiro: Perspectiva, 1977.

BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

DUFRENNE, Mikel. O poético. Porto Alegre: Globo, 1969.

ELIOT, T. S. Ensaios escolhidos. Lisboa: Cotovia,1992.

ESTEBAN, Claude. Crítica da razão poética. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

KAVÁFIS, Konstantinos. Reflexões sobre poesia e ética. São Paulo: Ática, 1998.

KIEFER, Charles. Mercúrio veste amarelo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1994.

KONDER, Leandro. “Para ler poesia”. In: As artes da palavra. São Paulo: Boitempo, 2005.

MORICONI, Ítalo. Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

PAZ, Octavio. La casa de la presencia. México: Fondo de Cultura Econômica, 1994.

PIGNATARI, Décio. O que é comunicação poética. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004.

POE, Edgar Alan. “A filosofia da composição”. In: Poemas e ensaios escolhidos. 2. ed. Porto Alegre: Globo, 1987.

POUND, Ezra. A arte da poesia. São Paulo: Cultrix, 1998.

SANTOS, Volnyr. Poesia uma palavra em falta (Uma anatomia do poema). Porto Alegre: WS Editor, 2002.

STEIGER, Emil. Conceitos fundamentais da poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975.

TEZZA, Cristóvão. Entre a prosa e a poesia : Bakhtin e o formalismo russo. Rio de Janeiro : Rocco, 2003.

TINIANOV, Iuri. O problema da linguagem poética I: O ritmo como elemento constitutivo do verso. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975.

—. O problema da linguagem poética II. O sentido da palavra poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975.

TREVISAN, Armindo. A poesia: uma iniciação à leitura poética. 2. ed. Porto Alegre: Uniprom, 2001.


5. Teoria de dramaturgia


FREIRE, António. O teatro grego. Braga: Publicações da Faculdade de Filosofia, 1985.

LESKY, Albin. A tragédia grega. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1990.

STANISLAVSKI, Constantin. A criação de um papel. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira: 1972.

SCHÜLLER, Donaldo. Literatura grega. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.



6. Teoria da literatura e afins

AGUIAR E SILVA, Vitor Manuel. Teoria da literatura. 6. ed. Coimbra: Almedina, 1984.

ARISTÓTELES. Poética. Porto Alegre: Globo, 1966.

AUERBACH, Erich. Mímesis: a representação da realidade na literatura ocidental. 3. ed. São Paulo: 1994.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 3. ed. São Paulo: 1986.

CÂNDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira. 6. ed. Belo Horizonte: 1981.

DACANAL, José Hildebrando. Linguagem, poder e ensino da língua. 4. ed. Porto Alegre: WS Editor, 2006.

HAUSER, Arnold. História social da literatura e da arte. (Tomos I e II). São Paulo: Mestre Jou, 1982.

HEGEL, G. W. F. Estética. Lisboa: Guimarães Editores, 1993.

IMBERT, Enrique Anderson. A crítica literária: seus métodos e problemas. Coimbra: Almedina, 1986.

KAYSER, Wolfgang. Análise e interpretação da obra literária (Introdução à ciência da literatura). 5. ed. Coimbra: Armênio Amado Editor, 1970.

MARTINS, Nilce Sant´Anna Introdução à estilística: A expressividade na língua portuguesa. São Paulo: Queiroz Editor, 1989.

PARATORE, Ettore. História da literatura latina. 13. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983.

REIS, Carlos. O conhecimento da literatura introdução aos estudos literários. Porto Alegre: Edipucrs, 2003.

SANTOS, Fausto dos. Filosofia aristotélica da linguagem. Chapecó: Argos, 2002.

TODOROV, Tzvetan. Teoria da literatura: textos dos formalistas russos. Lisboa: Edições 70, 1987.

WELLEK, René e WARREN, Austin. Teoria da literatura. 4. ed. São Paulo: Europa-América, s. d.

WIMSATT, William, e BROOKS, Cleanth. Crítica literária: Breve história. 2. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1980.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Fim do mundo

Matéria é energia cansada, ensinou-nos Albert Einstein.

Agora sabemos que 72 por cento do universo é "feito" de energia escura (dark energy), que, misteriosamente, nos empurra, em velocidade sempre crescente, em direção ao nada (?).

A matéria escura (dark matter) compõe 24 por cento do universo.

E o que resta, 4 por cento, é feito de livros de contos, tabuleiros de xadrez, borboletas, hipopótamos, garrafas de plástico, montanhas, satélites, exoplanetas, estrelas, galáxias e o que mais existe composto de átomos.

Há tanta energia ainda a ser transformada em matéria. E tem gente que acredita em fim do mundo!

Nem os maias acreditavam. Em 21 de dezembro de 2012 encerra-se o décimo-terceiro baktun. No dia 22, inicia-se o décimo-quarto, que durará 394 anos. Ou, para ser mais preciso, 144.000 dias.

Uma pena que em dezembro de 2406 não poderei lançar o segundo volume de Contos do fim do mundo. Já estarei transformado em energia, a viajar pelos confins do multiverso.